quinta-feira, 30 de maio de 2013

Às vezes

Por Renntonny Sllot


Às vezes quero me esconder na tua saia
Pra fugir de tudo
Eu quero transfusão de sangue
Para um coração vagabundo


Às vezes penso estar dando um passo em falso
e a cada passo eu morro de medo
me tremendo até o queixo
eu fujo pra longe e de lá eu vejo
mas tremendo até o queixo
eu fujo pra longe e de lá eu vejo

e vejo os cortes no futuro de anjos
anjos que caíram de quatro há tempos
mas não posso fazer nada eu conheço o meu lugar


Daqui da pra escutar os gritos dos desesperados
Não sinto pena estou travado,
mas de vez em quando eu recapitulo a pena
É quando entra em cena a duvida e o medo,
mas de vez em quando eu recapitulo a pena
É quando entra em cena a duvida e o medo


O que eu posso fazer com essa minha pouca idade?
Eu só posso ficar quieto e ver você apanhar
Apanhar até aprender a usar a voz
Deus fez os cães parar morder vocês nas ruas
e te tratar como gente a ponta pés porque daqui eu vejo


E vejo os cortes no futuro de anjos
Anjos que caíram de quatro há tempos,
mas não posso fazer nada eu conheço o meu lugar.


quinta-feira, 21 de março de 2013

O telefone

O telefone, jogado bem ao fundo de seu bolso frontal esquerdo vibra.
A vibração sobe por todo o seu tórax até chegar a seu coração.
Seu peito se contrai em angustia e ansiedade.
O coração.
Ah o coração... Esse que começa a palpitar desenfreadamente.
Oh meu Deus! Ela respondeu!
Você para e respira fundo.
O seu mundo para de girar como se o amanhã, após aquela mensagem, deixasse de existir.
Ele não quer saber de nada.
Passa a se preparar friamente para ler o que está escrito naquela tela minúscula.
Nessa hora ele começa a questionar seu consciente, seu interior.
Será que ela disse aquilo que ele queria que ela dissesse?
Pouco importa resposta da pergunta da linha anterior a essa.
Ele não quer saber.
Pega o telefone cheio de esperança.
Crente que ali estaria escrito um convite para viver todos os seus sonhos.
Os mais importantes e especiais sonhos.
Doce ilusão, caro amigo.
Não vieram dela os dizeres ali escritos.
Depois de tudo isso, o conteúdo daquela pequena mensagem não importa em nada.
O telefone voltará a sua caverna,
Restrito de acesso ao mundo,
Bem no fundo do seu bolso.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Velho...

Legal ver como as coisas mudaram durante esses últimos anos. Bom perceber que você cresceu e está quase se tornando uma criança grande.
Sim, você ainda é uma criança. No auge de seus, agora, 19 anos. Entretanto você não é criança durante todo o tempo. Em algumas horas, parece um velho ranzinza. Em outras, teima em ser um adolescente rebelde. Sem falar daqueles momentos que você é o adulto mais adulto de todos. Dignamente homem. Embora o fato se comportar como adulto tenha seus problemas. Isso faz você sofrer. Por favor, pare de ser idiota!
Seu ciclo se encerra e um ano novo começa hoje. Leve consigo aquilo de bom que você viveu. Esqueça tudo que for ruim e lhe cause dor. Eu sei que é difícil, mas também sei que você é capaz. Você tem o dom de transformar um problema numa grande oportunidade. Tem como mania querer provar que é o melhor, mesmo nem sempre sendo. Como tu és narcisista. Impressionante!
É também um palhaço. Sem noção nenhuma. Adora fazer o outro rir, mesmo que pra isso tem que passar o limite imaginário do correto. Tudo bem, você é um bocó, mas tem seus momentos de seriedade. Quando preciso é claro. E por falar em correto...
Eu sei que você tenta ser. É um bom homem meu caro. Lembre-se que todos nós escorregamos. Essas cascas de banana que a vida coloca em nosso caminho servem para que possamos aprender. Você erra, mas sempre aprende. Nunca cometeu um erro duas vezes. Exceto se apaixonar...
Anta! Como tu consegues? Sei que ainda sofre, mas fique bem. Isso vai mudar um dia. Pense na morte da bezerra manca, assim irá tirá-la da cabeça. Sei que não quer, mas tente. Quer falar dela? Acho que não né. Já basta o que sente. É possível ver em seu rosto a felicidade só de imaginar. Vi que vocês estão se falando. Boa sorte nessa empreitada utópica. Pense pelo lado positivo. Você é um cara de bom gosto e a ama, mas vamos parar de falar nisso. Lembra dos seus sonhos? Você queria ser Rei e se tornou um. É o rei do lugar mais louco. Aquele que pouca gente um dia chegará a conhecer. Parabéns. Os outros eu vou guardar, não quero expor sua intimidade ainda mais.
E teus amigos? Sei que têm muitos. Muitos e todos loucos e intensos. Em determinadas hora você é o conselheiro. Esperto! Já em outras... Torna a ser uma criança indefesa, com alma de adulto e coração de manteiga. Ainda bem que eles ouvem teu desabafo. Sem eles você não seria nada meu querido. É claro que existem uns e outros que não querem te ver nem pintado de ouro. Acredite. Isso é normal. Seu jeito estranho de ser pode parecer ruim a olho nu.
Ainda não acredito que está aniversariando. Suas irmãs estão bem? E seus sobrinhos? Sei que os ama. Eles também devem saber. Teus pais estão legais. Os vi um dia desses.
Enfim. Aproveite seu novo ano. Tente escrever uma história feliz. Ainda mais feliz e digna. Esse último período foi de altos e baixos. Você sofreu e foi feliz num espaço muito curto de tempo. Não sei como aguentou. Mas sei também que você persegue a felicidade como uma criança persegue o caminhão de sorvete. Em alguns momentos você alcançou o caminhão, mas ele tem um motor a diesel, sempre será mais rápido. Abasteça seu motor com ainda mais amor (será possível?) que você conseguirá alcançar a distante e ao mesmo tempo próxima felicidade. Viva esse ano intensamente. Cresça. Evolua como homem. Você merece o melhor e tenho certeza que lutará por isso.

Nunca esqueça de dizer a quem ama que os ama.
Continue a olhar o horizonte. Não perca sua imaginação nem seus sonhos.
Boa sorte irmão.
Abraço amigo.
Feliz Aniversário!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O nosso baile

É. Decidi te convidar para o baile.
Este não será um baile qualquer.
Não haverá ninguém no salão.
Lá estaremos. Eu e você.
Numa linda dança ao céu aberto.
A lua com seu brilho será a única espectadora.
Lua cheia de sorte!
A música que irá embalar a dança não é tradicional.
Chega de valsa nesses momentos.
Nós não somos normais.
Irá tocar um belo de um rock’n’roll!
A guitarra ditará o ritmo em que nossos corpos se comunicarão.
Iremos para lá e para cá.
Até cansarmos.
Repousaremos sobre o gramado. Exaustos!
Passaremos horas a conversar.
Eu, você e lua. Cheia de pompa por ser a dona da noite.
As palavras se dissiparão junto à brisa.
Não importa. Nada importa
Só quero que fique ali,
Bem ao meu lado, sob o luar.
Então, topa ir ao baile comigo?


sábado, 15 de dezembro de 2012

O dia mais feliz da minha vida alvinegra

Lembro-me como se tudo tivesse acontecido na manhã de hoje.
Faz 10 anos. Exatos 10 anos.
O dia na Praia Grande era de sol. Uma vizinha torcedora do rival provocava. Dizia que ia comer sardinha assada. Doce engano.
O clima era de tensão. Perder aquele título seria o fim dos tempos para o jovem santista.
Tinha 8 anos de idade, mas o Santos já pulsava em meu corpo.
Tínhamos a vantagem. Uma semana antes, 2x0 num jogo surpreendentemente.
“tranqüilo”. Alberto e Renato. O primeiro, camisa 9 levara cartão amarelo e suspensão automática. O segundo, tomara seu primeiro cartão no campeonato. Um recorde.
No primeiro minuto, nosso camisa 10 se machuca. Seu músculo estoura. Seria o fim. Adeus vantagem!
Robert em campo. A raiva e tristeza de 1995 agora se faziam presentes no gramado do Morumbi.
Cada soar do apito, me fazia tremer. Assisti a aquela partida em pé. Não tinha forças para me manter sentado. O amor pelo Santos me dopou. Unhas deixaram de existir. Santos meu amor!
Eis que do nada o gênio surge. Franzino, quase esquelético. Rogério, o experiente lateral não sabia o que fazer. Foram 7 ou 8 as pedaladas. Pobre gambá. Acuou-se tanto que adentrou a própria área e derrubou o garoto Santista. Pênalti. Robinho na bola, GOL!
Quando o goleiro rival pulou para um lado e a bola foi n’outro senti a mais profunda emoção. Devo ter estabelecido um novo recorde. 1239074 batimentos cardíacos por minuto. 1x0 e taça nas mãos. Era o fim da fila eterna. Era a volta por cima depois do escândalo que foi 1995. Não poderia ser tão perfeito. Sucumbimos durante a partida. Fomos dominados. Fábio Costa foi herói. O herói que sempre quis ser. A camisa 1 foi de Julio Sérgio durante todo o torneio. Fábio voltou apenas para a fase final. Sua lesão foi grave, mas, incapaz de derrubar seu talento. A maior atuação de um guarda-metas com a camisa alvinegra que vi na vida. Se não fosse o Fábio perderíamos aquele troféu e nossa honra. No 1 contra 11, os 11 venceram. Depois de um intenso bombardeio 2 x 1 rivais. O terceiro e derradeiro gol era questão de tempo.
Os deuses são Santistas. Não sei explicar o que aconteceu ali. Nosso técnico já tinha sido expulso. As crianças estavam sem o líder. O clima era dramático. Estávamos sendo derrotados e campeões. Estranho. Robinho, nosso herói principal, inventa uma jogada do nada. Apenas surge entre a defesa rival. A bola chega até Elano. Gol! Do empate! Do título!
Alguns poucos minutos se passaram. Léo, meu maior ídolo alvinegro faz jogada digna de Pepe pela ponta esquerda do gramado. O chute, estranhamente foi com a direita. FODA-SE! A bola foi no ângulo esquerdo. GOL! Viramos o jogo! Mudamos o rumo da história! Saímos da fila! É CAMPEÃO!
Queria ter mais detalhes em mente. Não tenho. A emoção era tanta, que fui incapaz de lembrar estatísticas, táticas ou qualquer outra coisa daquele jogo. Lembro que pulava enlouquecido. Meu time acabava de ser campeão novamente. Abracei meu pai. Outro santista. É bem verdade que menos doente. Como era bom ser feliz. Meu peito estufou-se de orgulho. As únicas palavras que conseguia pronunciar eram as de “É CAMPEÃO”. Depois o hino sagrado veio através da minha voz. Rouca voz. “NASCER, VIVER E NO SANTOS MORRER!” lindo trecho que faz parte da mais bela poesia. Ao lembrar daquele dia, ainda me emociono. Assim como me emocionei escrevendo este texto. A partir daquele momento, tudo passou a fazer sentido. O Santos Futebol Clube demonstrou por mim o amor que desde pequeno senti por ele. Fomos campeões naquele dia. Somos até hoje.


SOU ALVINEGRO DA VILA BELMIRO
O SANTOS VIVE NO MEU CORAÇÃO
É O MOTIVO DE TODO MEU RISO
DE MINHAS LÁGRIMAS E EMOÇÃO
SUA BANDEIRA NO MASTRO É A HISTÓRIA
DE UM PASSADO E UM PRESENTE SÓ DE GLÓRIAS
NASCER, VIVER E NO SANTOS MORRER!
É UM ORGULHO QUE NEM TODOS PODEM TER.


E eu tenho! Santos meu amor!

domingo, 25 de novembro de 2012

Fantasia


Ruim ser perseguido por um inimigo invisível.
Complicada é esta situação onde a opção inexiste.
Bom mesmo seria se tudo se resolvesse com um simples estalar de dedos.
Utopia.
Nem mesmo a mais rochosa das almas seria capaz de tamanha façanha.
E é bem verdade que se fosse assim, metade da graça iria ao espaço.
Como seria chata a vida sem momentos assim.
De pura reflexão e sentimento.

...

Esta criatura fantasmagórica difere das demais.
Ela é carnal. Palpável. Dona de um sorriso tão belo quanto o raiar do sol num horizonte sombrio.
Bom ser assombrado por algo assim.
Sua presença causa a mais estranha agonia, destruindo qualquer possibilidade de racionalização.
Ao mesmo tempo em que o alivio e felicidade passam a dominar, algo estranho corrói-me, fazendo-me agonizar num mar de esperança e melancolia.
Mas o que posso fazer se por mais que eu tente fugir o teu fantasma ainda me assombra.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Maldita Memória

Ainda tenho na minha retina sua imagem.
Várias delas, aliás, basta fechar os olhos.
Tenho aquela mais doce
E a mais triste.
A essa tristeza da ultima vez.
Nunca irei esquecer aquela noite de luar vazio.
...
Cometi um grande erro.
Revirei o baú do tempo na busca de conforto
E me deparei com a melhor fase de uma vida.
Parecia que nunca ia ter fim.
Como eu queria que isso fosse verdade.
Verdade eu sei que foi.
Queria que ainda existisse, pois essa verdade findou-se.
...
Maldita memória essa.
Me pergunto o real motivo de ter recordado.
Não encontro à resposta.
Vejo apenas um ponto de luz
Um fraco sinal de vida e amor.

sábado, 10 de novembro de 2012

Analfabetos também sabem escrever

Sabe quando você vive em uma guerra onde o inimigo é mais que conhecido?
Sim, todos sabem a causa da sua batalha e contra quem você luta.
E ele está lá.
Adormecido, a espera de um pequeno tremor.
No primeiro sinal de fraqueza ele ressurge impiedoso.
Este tremor tem nome e sobrenome.
Possui um olhar doce e marcante.
Isso sem falar dos cabelos compridos.
Atende por um nome de mulher.
Ah! Ta explicado!
Mulheres!
Sempre elas.
Tão lindas e perigosas.
A mais grandiosa obra da natureza.

...

Bastaram algumas palavras.
Elas o levaram a uma seqüência de pensamentos.
Ilusões.
Saborosas ilusões.
Capazes de impor um sorriso na face de qualquer um.
Pobre coitado é este homem.
Ficou feliz apenas em lembrar de sua existência.
Eu o entendo.
Entendo porque vejo a felicidade timbrando sua voz, marcando seu olhar.
Existe uma esperança em cada gesto. Em cada respiro.
E mesmo o achando um completo idiota,
Torço por ele.
Torço porque sua felicidade significa o meu sossego.
Amizade é isso.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A esperança de um sorriso

Todos ali percebem a apatia de Pedro. Pobre homem, pobre coitado. Está perdido dentro de sua própria alma. Incapaz de acreditar em si mesmo.

“Porque comigo é sempre assim?” indaga-se Pedro a todo instante. Mal sabe ele que a vida tem dessas. Na verdade, este homem precisa se conscientizar que para se sentir o doce sabor da felicidade é preciso experimentar o amargo sabor da consternação.

Pedro está completamente perdido. Chego a ter dó de tamanha situação. Nosso herói não sabe em quem acreditar. Não sabe quem pode ouvir ou aonde ir. Na esperança de dias melhores, caça sinais como um pirata que caça o tesouro. Vive a procura de mensagens ou rastros. Todos sabem que elas não existem. O fato é que ele quer acreditar no improvável. Vive num estado único, irracional. Necessita acreditar no inacreditável. O grande motivo disso é sua crença num sentimento cada vez mais raro. Talvez ele seja o último homem a possuir um coração tão puro.

...

O telefone toca. Nessas horas tenho vontade de rir. O desespero daquele homem chega a me constranger. A cada vibração do pequeno aparelho, o mar de expectativas em que mergulha aumenta. A ansiedade passa a dominá-lo como se não fosse existir o amanhã. Ao mesmo tempo em que torce para que não seja uma mensagem publicitária de sua operadora, entra em transe com a possibilidade de que aquele toque signifique algo de alguém especial.
Ele não é idiota. Sabe que não irá receber aquilo que verdadeiramente deseja. Os Deuses não seriam tão bons com ele. Seu pessimismo é tamanho, que seria capaz de esperar o pior. Pedro se contenta com pouco. Na verdade pra ele, isto significa muito. Um “Oi” já basta. Que seja “Boa noite”, simples assim. Um gesto desses faz dele o homem mais feliz. Na cabeça dele, nada importa mais.
Só quer um motivo pra sorrir...

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Risos

(Duas inspirações: Um amigo e sua história e minh'alma)



O fato de amar transforma qualquer ser.
Faz com que o mais forte se enfraqueça
Faz do fraco um mito.
Faz o mais triste sorrir,
Sem que ao menos exista um motivo.
Na verdade existe sim.
Um motivo muito forte até
Ora bolas, ele está amando.
Que motivo mais lindo para sorrir.