terça-feira, 23 de outubro de 2012

A esperança de um sorriso

Todos ali percebem a apatia de Pedro. Pobre homem, pobre coitado. Está perdido dentro de sua própria alma. Incapaz de acreditar em si mesmo.

“Porque comigo é sempre assim?” indaga-se Pedro a todo instante. Mal sabe ele que a vida tem dessas. Na verdade, este homem precisa se conscientizar que para se sentir o doce sabor da felicidade é preciso experimentar o amargo sabor da consternação.

Pedro está completamente perdido. Chego a ter dó de tamanha situação. Nosso herói não sabe em quem acreditar. Não sabe quem pode ouvir ou aonde ir. Na esperança de dias melhores, caça sinais como um pirata que caça o tesouro. Vive a procura de mensagens ou rastros. Todos sabem que elas não existem. O fato é que ele quer acreditar no improvável. Vive num estado único, irracional. Necessita acreditar no inacreditável. O grande motivo disso é sua crença num sentimento cada vez mais raro. Talvez ele seja o último homem a possuir um coração tão puro.

...

O telefone toca. Nessas horas tenho vontade de rir. O desespero daquele homem chega a me constranger. A cada vibração do pequeno aparelho, o mar de expectativas em que mergulha aumenta. A ansiedade passa a dominá-lo como se não fosse existir o amanhã. Ao mesmo tempo em que torce para que não seja uma mensagem publicitária de sua operadora, entra em transe com a possibilidade de que aquele toque signifique algo de alguém especial.
Ele não é idiota. Sabe que não irá receber aquilo que verdadeiramente deseja. Os Deuses não seriam tão bons com ele. Seu pessimismo é tamanho, que seria capaz de esperar o pior. Pedro se contenta com pouco. Na verdade pra ele, isto significa muito. Um “Oi” já basta. Que seja “Boa noite”, simples assim. Um gesto desses faz dele o homem mais feliz. Na cabeça dele, nada importa mais.
Só quer um motivo pra sorrir...