sábado, 15 de dezembro de 2012

O dia mais feliz da minha vida alvinegra

Lembro-me como se tudo tivesse acontecido na manhã de hoje.
Faz 10 anos. Exatos 10 anos.
O dia na Praia Grande era de sol. Uma vizinha torcedora do rival provocava. Dizia que ia comer sardinha assada. Doce engano.
O clima era de tensão. Perder aquele título seria o fim dos tempos para o jovem santista.
Tinha 8 anos de idade, mas o Santos já pulsava em meu corpo.
Tínhamos a vantagem. Uma semana antes, 2x0 num jogo surpreendentemente.
“tranqüilo”. Alberto e Renato. O primeiro, camisa 9 levara cartão amarelo e suspensão automática. O segundo, tomara seu primeiro cartão no campeonato. Um recorde.
No primeiro minuto, nosso camisa 10 se machuca. Seu músculo estoura. Seria o fim. Adeus vantagem!
Robert em campo. A raiva e tristeza de 1995 agora se faziam presentes no gramado do Morumbi.
Cada soar do apito, me fazia tremer. Assisti a aquela partida em pé. Não tinha forças para me manter sentado. O amor pelo Santos me dopou. Unhas deixaram de existir. Santos meu amor!
Eis que do nada o gênio surge. Franzino, quase esquelético. Rogério, o experiente lateral não sabia o que fazer. Foram 7 ou 8 as pedaladas. Pobre gambá. Acuou-se tanto que adentrou a própria área e derrubou o garoto Santista. Pênalti. Robinho na bola, GOL!
Quando o goleiro rival pulou para um lado e a bola foi n’outro senti a mais profunda emoção. Devo ter estabelecido um novo recorde. 1239074 batimentos cardíacos por minuto. 1x0 e taça nas mãos. Era o fim da fila eterna. Era a volta por cima depois do escândalo que foi 1995. Não poderia ser tão perfeito. Sucumbimos durante a partida. Fomos dominados. Fábio Costa foi herói. O herói que sempre quis ser. A camisa 1 foi de Julio Sérgio durante todo o torneio. Fábio voltou apenas para a fase final. Sua lesão foi grave, mas, incapaz de derrubar seu talento. A maior atuação de um guarda-metas com a camisa alvinegra que vi na vida. Se não fosse o Fábio perderíamos aquele troféu e nossa honra. No 1 contra 11, os 11 venceram. Depois de um intenso bombardeio 2 x 1 rivais. O terceiro e derradeiro gol era questão de tempo.
Os deuses são Santistas. Não sei explicar o que aconteceu ali. Nosso técnico já tinha sido expulso. As crianças estavam sem o líder. O clima era dramático. Estávamos sendo derrotados e campeões. Estranho. Robinho, nosso herói principal, inventa uma jogada do nada. Apenas surge entre a defesa rival. A bola chega até Elano. Gol! Do empate! Do título!
Alguns poucos minutos se passaram. Léo, meu maior ídolo alvinegro faz jogada digna de Pepe pela ponta esquerda do gramado. O chute, estranhamente foi com a direita. FODA-SE! A bola foi no ângulo esquerdo. GOL! Viramos o jogo! Mudamos o rumo da história! Saímos da fila! É CAMPEÃO!
Queria ter mais detalhes em mente. Não tenho. A emoção era tanta, que fui incapaz de lembrar estatísticas, táticas ou qualquer outra coisa daquele jogo. Lembro que pulava enlouquecido. Meu time acabava de ser campeão novamente. Abracei meu pai. Outro santista. É bem verdade que menos doente. Como era bom ser feliz. Meu peito estufou-se de orgulho. As únicas palavras que conseguia pronunciar eram as de “É CAMPEÃO”. Depois o hino sagrado veio através da minha voz. Rouca voz. “NASCER, VIVER E NO SANTOS MORRER!” lindo trecho que faz parte da mais bela poesia. Ao lembrar daquele dia, ainda me emociono. Assim como me emocionei escrevendo este texto. A partir daquele momento, tudo passou a fazer sentido. O Santos Futebol Clube demonstrou por mim o amor que desde pequeno senti por ele. Fomos campeões naquele dia. Somos até hoje.


SOU ALVINEGRO DA VILA BELMIRO
O SANTOS VIVE NO MEU CORAÇÃO
É O MOTIVO DE TODO MEU RISO
DE MINHAS LÁGRIMAS E EMOÇÃO
SUA BANDEIRA NO MASTRO É A HISTÓRIA
DE UM PASSADO E UM PRESENTE SÓ DE GLÓRIAS
NASCER, VIVER E NO SANTOS MORRER!
É UM ORGULHO QUE NEM TODOS PODEM TER.


E eu tenho! Santos meu amor!